Não cabe no peito o amor que seu filho sente por você

16 fevereiro 2020


Não cabe no peito o amor que seu filho sente por você 
 Você que é uma mãe recém-nascida e que provavelmente se encontra em um looping de sentimentos, atenção. Imagino que você deve estar feliz e emocionada, sem acreditar que tem seu filho nos braços, ao mesmo tempo em que nunca esteve tão, tão, tão... cansada. 
Estou certa? E aqui, cá entre nós, eu sei que esse cansaço tira a gente do eixo. Gera desânimo, frustração, lágrimas. Medo. Desespero. Eu sei que quando chega a décima mamada da madrugada você pode jurar que não vai conseguir se levantar. Sei exatamente o que é privação de sono e como isso afeta nosso humor e bem-estar. Sei bem como você se sente. Já estive no seu lugar. Sei da saudade enorme da vida de antes, misturada à profundidade do puerpério. Também sei que você deseja um banho longo e tranquilo sem escutar choro imaginário. Sei que, provavelmente, você está louca de vontade de comer uma barra de chocolate, mas prefere não arriscar porque disseram que dá cólica no bebê. Sei da sensação de impotência de ver o filho berrando, tentar de tudo e não saber mais o que fazer para acalmá-lo. Sei também que muitas vezes você acaba chorando junto com ele. Sei que no início da noite pode rolar choro (seu) e coração apertado. Sei de todas as sensações do baby blues. Sei que hora ou outra você pode até pensar: será que a maternidade é para mim? Será que darei conta? Sei que a responsabilidade pesa, o julgamento machuca e os palpites insistem em encher a paciência, que já não anda lá esses coisas. Sei de todos os desafios que você está enfrentando. Entendo você. 
Mas, por alguns minutos, pare tudo o que está fazendo e olhe com atenção para o seu bebê. Olhe com cuidado. Concentre-se nos olhinhos, que nem enxergam direito, mas te olham como ninguém jamais te olhou. Concentre-se na fragilidade da cabecinha e do pescocinho, que mais parecem feitos de mola. Olhe com atenção os detalhes das mãozinhas minúsculas, que costumam ter fiapos de roupa entre os dedinhos. Repare na finura das unhas e no toque suave da pele dos pezinhos. Atenção para o corpinho. Você já viu algo mais indefeso? Agora volte a reparar como ele te olha, como ele acredita. Repare como ele não hesita em duvidar dos seus cuidados, mesmo nos momentos em que você perde a paciência. Ele crê em você. Sem motivo, sem razão, sem “porquês”. Ele te ama na cólica, no frio, na fome, na sede. No desconforto. Na dor. Ele te ama fedida, de coque, sem escovar os dentes e com a roupa surrada. Ele te ama no seu mau humor. E até naqueles dias em que você fica de pijama o tempo inteiro. Ele te espera nas suas breves ausências. O amor dele por você não tem medida, não tem começo, nem meio. Não tem pausa. Não tem dúvida. Nunca terá fim. Dizem por aí que nós, mães, ensinamos aos nossos filhos sobre amor. Mas acredito que são eles, recém-nascidos, que nos dão a maior aula de amor que a humanidade já viu. Claro, não dava para esperar menos de quem acabou de chegar do céu.

 Texto de Thaís Vilarinho, publicado na Revista Crescer
Imagem: https://pixabay.com/pt/users/ediona-12993872/

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